O fio etimológico (o essencial)
A palavra mistral vem do provençal/occitano (forma maestral/mistral) e do latim magistrālis — literalmente “do mestre”, “dominante”; originalmente “vento dominante”. Essa ligação ao latim magister é a base para mistral e suas formas.
Por que Mistralis faz sentido (e o que acrescenta)
Mistralis parece ser uma forma derivada/latinizada/nominal da ideia de mistral — como se fosse “do (ou relativo ao) mistral”, ou uma forma de sobrenome/epíteto ligada ao vento-mestre. Em contextos onomásticos (sobrenomes, toponímia), formas como Mistrali / Mistralis / Mistrale aparecem em Itália/França. Há registros de famílias com esse sobrenome e até menções heráldicas (ex.: famílias antigas no vale de Aosta com registro do nome).
O lado cultural e literário (importante para o peso do nome)
O sobrenome Mistral é famoso também por Frédéric Mistral, poeta provençal que reviveu a língua provençal e recebeu o Nobel de Literatura em 1904 — ele escreve no registro local (Mistrau / Mistral segundo ortografias) e ajudou a fixar a palavra na cultura. Ou seja: Mistral/Mistralis carrega também uma carga cultural e literária profunda da Provença.
E os Mettrau da família do nosso comandante Caire?
Variantes próximas — Métraux / Mettraux / Mettrau / Metra / Metra(u) — aparecem sobretudo em áreas francófonas e na Suíça (cantões como Vaud, Fribourg e Genebra têm muitas ocorrências), e os recursos de genealogia sugerem que essas formas podem ser variantes regionais ou francisações/deformações de maître / magistral. Ou seja, é muito plausível (e historicamente comum) que Mettrau seja uma ramificação local do mesmo campo onomástico ligado a maître / magistralis que deu origem a mistral / mistralis.
Resumo em linguagem simples (o que tudo isso significa pra você)
Linguisticamente: magister → magistralis → mistral → mistralis é uma cadeia crível.
Onomasticamente: famílias chamadas Mistrali/Mistralis (Itália / Sul da França) e variantes Métraux/Mettrau (Suíça / França) existem — então sua impressão de herança familiar (Mettrau vindo de Mistralis/Mistral) é perfeitamente plausível e historicamente sustentada.
Simbolicamente: Mistralis combina força (vento dominante), história (Provença, língua occitana) e, no seu caso, memória familiar — portanto é um nome com muita profundidade para batizar um veleiro que carrega avós e pai “ao lado” na jornada.